segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mãe-Silêncio

Não trazei-me ninguém, não trazei-me nada...
Não trazei-me companhia nesse momento...

É noite, estou só.
Nada vibra,
Somente o silêncio lento desmantela-se nas curvas dos móveis da minha casa.
Meu corpo calado é o infortúnio que a verdade trouxe.
Veio ter comigo, em meu berço - a Mãe-Silêncio -
Veio afagar-me, e chorei...

Ó Mãe-Silêncio! não divisa mas dispersa,
Cuida de mim para que eu não acorde exausto,
Cuida de mim, ergue a tua mão infinda
E traz em tua taça egrinaldada de tristeza, a dor,
E dá-me de beber como se bebe o absinto...

Percorri a estrada até em casa, sozinho,
E não colheram os embriões no chão,
Não acalentaram a margem da urina de minha mãe,
Não consolaram o grito mudo da minha sombra miserável!

Ò Mãe-Dia, Mãe-Noite, Mãe-Cor, Mãe tudo!
Por que atirou-me o arco se não errou a flecha?
Por que passas-te a tua túnica em minha alma
Se não errou o véu da tristeza?

Ò Mãe-Silêncio, eu não farei mais do que copiar-te em verso...
Ah, és para mim a angustia indivisa,
És para mim como um vulcão se pulso
O eterno intervalo da minha dor...

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