segunda-feira, 12 de abril de 2010

Noite

A tarde finda, e as nuvens de cinza alaranjado e frias
Pouco a pouca desaparecem no horizonte taciturno,
E a cor roxa com negra da melancolia se confundem.
Flutuam farrapos de nuvens quase policromas,
O ouro vai baixando, se escondendo,
E o sossego começa além disso tudo!,
Começa além de todas as casas, árvores e gentes.
O céu despe-se, e as sombras já são frias.
Sim, a escuridão que paira por cima das casas e dos cumes,
A vida do bulício sendo agarrada pelo silêncio.
Esse mesmo silêncio cai por sobre mim,
Cai como um manto que se solta dos ombros dos príncipes-das-trevas,
E depois dispersa-se em toda a existência.

Luzes elétricas rutilam,
Paredes enegrecem,
O céu já é um escuro monótono e diverso,
E a lua está invisível para mim.
Ò, não, estas sombras não!
Estas sombras trazem das distâncias
Pavores de todas as latitudes e longitudes,
horrores de abismos e de assombros,
Monstros de angustia e solidão...

Ó supremas invocações que a noite traz!
Ó vácuo extremo de treva e mistério!
Quem és tu?
Mas ah, estrelas rutilantes sobem - notabilíssimas,
E acendem pouco a pouco em meu olhar (também frio)
Um amabiíssimo fascínio estelar...

Por fim, enxerguei a lua,
Lá no fundo, emergidamente branca,
Sem monstros, sem sombras, sem ninguém...
Antiquíssima!
E ao meu redor tudo escuro,
Ao meu redor inútil!
Uma lágrima ergue-se dentro de mim,
E, real, parte para um grande abismo,
Para um grande vácuo de nada,
- Que sou eu mesmo...

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