segunda-feira, 12 de abril de 2010

De leve, seranamente

De leve, serenamente
Ergue-se uma canção dentro de mim...
Ergue-se uma tristeza invisível ao mundo exterior.
A minha tristeza é tão clara para mim como a água é para todos!
Que desgraça a natureza humana ter posto um embrião
Onde o pranto da vida chorou em cima...

Errei a igreja da cerimonia, e não me consolaram...
Trouxeram até mim falsos arquitetos dos sonhos
Para que me desorientassem do meu mundo.
Tentaram simpatizar comigo mas eram indiferentes a mim.

Não tinha percebido quando cheguei aqui,
E quando cheguei, estava tudo mudado.
As casas, as árvores, as coisas já não eram as mesmas
E as esperanças dos idílios murcharam em silêncio

Não tive tempo para chegar até as taças da vida para sorrir,
E quando supus que chegava, não sorria!
Não fiz mais do que me negar a vida.
Não fiz mais do que viver sem se viver dentro de mim, não o sei. -
Pessoas de alma calma passaram diante de mim,
Passaram longinquamente perto de mim.
E passaram catando éclogas também calmas...
Não pude segui-los,
Não pude nem sequer sair do meu lugar.
Não pude alcançá-los para que me abrandassem a alma.
Sim, sou como a criança das cidades e tremo!;
Tremo como um gesto físico de todos os gestos!

Nunca tive esperanças para as maravilhas do mundo,
Ao calor do sol supus outro sol de acordo comigo.
Ao clarão escuro da lua supus outra lua.
Na guerra o meu esforço foi como um pão velho jogado no meio da rua
E amassado por um comboio antes que o mendigo o pegasse.
Minha vida? - gozo inútil sem sexo nem prazer...

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