segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vácuo Complexo (alma complexa)

Desenterrei da minha alma extensa o vácuo do universo,
E no desabrochar das flores escuras desse vácuo
O mel-amargo desceu-me pela espinha abaixo...
Senti-o em mim como uma turbulência sem terror,
Senti chorar todas as minhas fibras complexas.
E, conscientemente inconsciente passei pelas amplidões do mundo
Como um bicho absurdo anunciado ao despertar dos sonhos.

Não sou tal qual aquele que julgava ser.
As sensações de criança que concebia a mim mesmo
Mandei-os embora pelas portas do fundo porque senti-me diverso,
E balançado em direções sem sentido
A inteligência de compreender misturou-se-me com a inteligência de não compreender!
Compreensivelmente incompreensivo, reparei em mim,
E a ânsia, já irreal, estourava em espumas de carne e espírito...

(Ó meu ser indefinido, que será de ti nesta forma de vida?)

Tive grandes propósito para a alma.
Tive episódios eternos de tanto supor.
Tive naufrágios universais em minha alma
Da festa trancendental onde os astros
Em uma oscilação monótona esbarram entre si e os outros.

Mas, em fervente imensidade da alma,
Da alma infinita entre o vácuo e as estrelas,
Nas ânsias dos sonhos e da supremacia
Saber a verdade -
Saber que Deus não tenha feito o universo, mas suposto.
Saber que somos a suposição de Deus por ele mesmo.
Como se esta suposição fosse um teste
E o real de nós estivesse em outro lugar, em outro tempo!
Esperando que a suposição deixe-se de ser,
Esperando que a suposição morra -
Esperando que eu também acabe de supor...

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