segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dois Sonetos

I

Pobre a música do sonhador que é feliz,
Pobre a música que agrada somente
Os metáfisicos e não ao próprio sonhador. Pobre a semente
Que cresce fora do homem e ele é um alegre infeliz.

Sejas triste assim como deves ser.
Agrada-te de tua alma completa, essa
Que num edital de orquestra tem pressa
De obter a semente suprema. Elevas de prazer

A tua dor como um arco íris que procria
A felicidade falsa de tuas lembranças...
Navega ao fundo do nada extremo, nas distâncias,

E escreve um poema sobre a tua triste alegria!
Faz isso tudo além do homem e da ciência
Orgulhoso da tua alta inconsciência...

II

Vive a vida e o seu pesar, sozinho, incerto...
Ama a tua liberdade e a tua complexidade,
E colhe nas ânsias da tua subjetividade
A trancendência suprema do seu deserto...

Segura tudo como um sentimento de suporte:
A dor dura e disforme, dia após dia.
A felicidade ao fogo forte e fatal da alegria.
Sim, leva tudo isso mesmo após a morte!

Não sei quem sou nem quem tu és,
Descubra tudo que descobrirás um dia; a ti,
As batidas dos timbales e dos tambores que aqui

E na tua alma estremecem, e também ao som dos oboés...
A vida é simples demais, boa ou mal
- Mas só o espírito é trancendental!

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